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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inapto

Não, eu não, sei escrever
minha poética é rota, minha voz é rouca
ideias fulas, lírica pouca
métrica pobre, como me atrever?

Não, eu não, sei escrever
texto que não progride, rima louca
coesão inerte, tema que não foca
norma culta, nem se pode ver

Não, eu não, sei escrever
minhas palavras condenadas a forca
sem defesa, assim fica
então, a mercê de um determinado entrever

Não eu não, sei escrever
o canto que os velhos urubus evocam
sonhos são o que eles enforcam
ilusões, sentimentos, inverter e envolver.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Palavra

Noite vermelha, vento navalha
o frio me permeia, o som incendeia
a mão atrapalha, mente trabalha
a boca falseia, enquanto se enchia

de palavra, escrava, que trava
assim entala na goela
não sai e não mais fica onde estava
estrela, não há quem possa guiá-la

loucura sana, sagrada e profana
bacante, Baudalaire distante
flana, inflama, doidivana interna

torta, assim sem janela ou porta
viva ou morta, roda introspectiva,
soma daquilo que não importa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A Capela

Em uma bela miragem
sentado a beira da capela de madeira
retomando uma viagem
de tantas terças-feira

de fumaça é a passagem
o lugar a mata funda e a clareira
a ideia o veículo, o pensamento a bagagem
a dúvida levo como parceira

as árvores, os prédios, imagens
pessoas como nuvens passageiras
que se transformam e interagem

sendo, ou não, como queira
o vento venta, lembranças rugem,
só mais uma terça-feira.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Trama do tempo

Vivendo a trama do tempo
o trauma, transforma o evento
sem abismo, muito menos topo
um mito sacro e seu rito

torpe, que revive o não morto
em um futuro que se propôs
transcendental ou utópico, mas, farto
de uma dura e absoluta solução que se impôs

o ideal, funcional, racional, perfeito tipo
pensado para ser o mais limpo
o reino do espaço eterno perfeito

em detrimento ao ambíguo e torto
ser em vertigem na temporalidade e por ela absorto
que não se percebe além de um roto farrapo.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Sobre Seres.

Dos lugares em que já fui,
de onde eu não estarei 
observei o rio eterno que flui
sentado, os pés molhados esperei

olhos rubros, de dizeres profundos
como num silêncio submerso
em questionamento e inquietação, impregnado
em reflexões, estruturas ou processos

fruto da relação de tempo e seres
complexos, fetiches, egos e prazeres
condensados por uma razão e seus dizeres

pobres seres, tanto se corre e por vezes
entre espelhos, tocas e trocas
pensa que pensa e acha que fazes.