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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Aos outros

Há quem não goste do que eu faço
há quem diga que eu não presto
dizendo que eu só sei fazer fumaça
falando que eu não estou do lado certo

que de certo uma zona é minha vida
perdida pelos anos, uma rua sem saída
sem porta e sem janela, uma página encoberta
sombria, indiscreta, suja e funesta

a que papel se presta, aquele que me espreita
só pra depois jogar palavras feito planta
peçonhenta que tomando tudo espanta

a energia boa ai então sou eu quem vai dizendo
segue o seu caminho pairando e sorrindo
que eu no meu canto, labuto e vou indo.

Começando

Começando pelo começo, me esqueço
do que tinha pra pensar, dizer, fazer
me esqueço até mesmo do que eu acreditava crer
do que talvez eu poderia ou parecesse

e se eu fizesse tudo em que se pense
ofende-se aos que não pensam
ou  pensam pensamentos que passam
tão brevemente, deste que se convence

acompanhado pela íntima verdade
dissipa-se pelos montes e cidades
a repressão as demais ideias se faz atrocidade

e apoiado pela plena e pura verdade
invade, domina, conquista as individualidades
e a exclusão alimenta o circo das vaidades.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O querer

Pego eu minhas malas, repletas de dúvidas
e em meio a curvas derrapo entre as freiadas
não tem estrada é tudo uma grande imensidão
de tudo e de nada, de estar junto e de solidão

então sozinho pelas jornadas em meio a livros
e uma enxurrada de informações, que eu não me livro
improdutivo, são apenas fragmentos de um conhecimento
que de certo não é sabedoria ou algo de muito concreto

o resto, são palavras lançadas caçando o desejo
fetiche, gracejos que buscam iludir como um beijo
tão malicioso, que eleva ao gozo pleno, vejo

que o querer é como marionete, manipulado
por mil dedos habilidosos, que ficam pendurados
em um plano, avaliado, rotulado, registrado e vendido.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Rosa

Indo longe, bem longe assim,
lembro das horas, dos momentos, do seu sim
e hoje distante tempo e espaço eu passo
por você, agente se vê e em contrapasso

disfarço pois outro já se faz presente
por momentos brevemente longos fico ausente
saio de mim, vou por caminhos de outra vida
não me desapego do bom ou do ruim, enfim, de nada

pois foi tortuoso, sinuoso de felicidade e ser infeliz
foram tantas coisas que o que se diz se contradiz
emoções das mais insanamente incandescentes

porém em meio ao tempo que passa, sim
as feridas que secam, descobri enfim
que apesar de muito bela, fostes assim mais uma rosa no meu jardim.

domingo, 25 de novembro de 2012

Vida rola.

E nesse jogo engraçado que é a vida
vou trombando, driblando conforme a passada
feito o tal jogador que finge não ver a bola passar
aquele que ilude, o que se põe a disfarçar

o que busca fazer a bola rolar nesse
campo estreito a cada segundo que passe
o passe perfeito buscar, jogando com a cabeça erguida
se esquivando, dividindo, apertada, sofrida

é sempre assim zero a zero, um a um
goleada não existe. parceria é com alguns
poucos, mas que compõe, de inspirações incomum

então este é o jogo, sem replay, e em fragmento
com mais de um tempo, repleto de imprevisto
e improviso, devendo se jogar como astuto, pois em meios aos tempos não há substituto.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sozinho refletindo.

É no silêncio ouvindo as próprias ideias
no mais profundo, é em um diálogo mudo
em meio a todo tipo de devaneio em que talvez se creia
incendeiam-se então as mais diferentes questões referentes a tudo

despido por indagações, feridas e desentendimentos ficam expostas
num gesto de dor, tenta-se encorbrir  o lado mais imundo
de suas escaras mais profundas, que não devia estar escrita
nem se quer que todos tomassem ciência e assim conhecendo

marcas que ainda se fazem tão fortes e vivas
de embates não conclusivos, que tem por objetivo
incomodar essa ferida de forma penosa e punitiva

esta alternativa permite estar em todos e em nenhum caminho
é então sozinho por entre portas, janelas e ideias de todo tipo
Precipito, me desfenestro pela janela de ideias que vão além de estar correta ou ser mesquinho.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Líquido solidamente desfeito

Estou eu aqui em pensamentos rarefeitos
numa insatisfação satisfeita em todos seus opostos
dispostos mesmo assim a se encontrar, retóricos
por mais que possam parecer antagônicos 

são também sinônimos de toda essa inconclusão
que se faz liquefeita, sem forma, sem posição
definida, irrestrita, infinitas suas possibilidades
que corre, deságua e permeia  um mar de infinidades

que rebate solidamente em rochedos e montes
os mais proximamente distantes, antes
únicos, hoje se encontrando, meros inconsequentes 

desfeitos de todos os laços que nos aprisionam 
se renovam as impressões, altera-se toda percepção
tão intensas, de uma realidade não crível ao que lá estavam.

Cacos de Ventos

Vaguei, vaguei, não cheguei mas percebi
visualizei que de forma quase inerente
quase que sempre sou eu este
problema insolúvel, insolente, ao que se sabe

são essas ideias desconexas que se proliferam
pelos cantos mais escuros da moral e da ética, que contaram
histórias de outrora tão dolorosas, tão ferinas
problema é esta histeria por mudanças que se mostram tão pequenas

que avexa os mais otimistas, iludidos, até traídos
pelo vento que carrega consigo, tanto faz, crime ou castigo
perdido não consigo isso daquilo tudo

que não faz o mínimo sentido
problemas são como pequenos e perigosos cacos de vidro
perdão, se levado pelo vento, fui te acariciar e acabei te machucando.

sábado, 10 de novembro de 2012

Ressaca

É quando as ondas furiosas rebatem sobre a praia
como lembranças confusas lançadas em fúria
é como acorde que reverbera em desafinada canção
é o momento seguinte que sucede a introspecção

que sucede, talvez, alguns poucos diálogos
ou até ações que podem parecer vagos
como passos num lago enebriado pelo álcool
em busca perdida de um caminho sem farol

é sim posterior ao grande bem estar e ardor
e de uma grande euforia que se torna vazia
trazendo consigo inerente ilusão e temor

Ah é o outro dia que a cabeça está doída
faz lembrar como a vida é sim para ser sentida
em todas as suas nuances, como uma busca ávida.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Desilusão

Em noite de nevoa, é onde se esconde a lua
nevoa, que desorienta que atormenta o pensar
a esse pensar confuso, essa dúvida que flutua 
que paira entre as ideias, levando ao pesar

pensar no que não aconteceu, no que pareceu
mas não é, perdendo-se entre as mais diferentes versões
que soam neurônios a dentro, o cinza se estabeleceu 
versões, invenções, retrocessos e até reversões 

de pensares tão distantes que de opostos se tocam
imagens surgem, memórias, lembranças mentes se embaçam 
passam a trabalhar em outro tempo, com as horas se atracam 

em busca de sentido, de um passado que já não existe
e se quer nem existiu, talvez em uma ilusão consiste 
e a ilusão como a única coisa que vale pena e que se insiste.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Decisão

São dias como o de hoje
é esse frio na barriga
essa perna mole, a memória que foge
é essa inquietude que agarra e se agrega

como se nunca mais fosse acabar
assim como um instante eterno
de um gozo agonizante a jorrar
adrenalina, simulações. emoções, interno

tudo é interno, para o externo interpretar
abrem-se as portas, outras percepções a entrar
em choque abrupto de ideias a atar e desatar

fazem da vida essa dadiva, esse mar em eterno fluxo
que rebate em ondas se choca com as pedras
pegando de fora, filtrando pra si num insistente refluxo.