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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Normalidade

Em toda essa onda de normalidade
corro, pulo, trombo com minha insanidade
fugindo de ser o eu dessa sociedade
que toma, arrebenta com toda intensidade

e torna normal, em terra de convencional
consome, gela, petrifica, robotiza o carnal
tudo oficial, bem escrito, escroto, esquece o banal
ritual do segundo, sem segredo ou final

mais obscuro, impuro, indevido, prescrito
do mais pavoroso e restrito, aterrorizante grito
ao mais profano ou pervertido dito

a voz do mudo, a luz do cego o excluído
todo o lixo, profundo, solto pelo mundo,
humano ridículo, mas louco e pensando

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tempos impossíveis.

Não sei se ela partiu meu coração
ou quem fez isso com o dela fui eu
porém acho desnecessário buscar culpa ou negação
creio que ambos sofreram escaras, e que certamente doeu

ainda não cicatrizaram, e talvez nunca irão
sensações, memória, muita ilusão, integram
pensamentos dos mais variados, cercam, a confusão
caótica, de certa organização, de onde essas ideias ecoam

sem sins ou nãos, apenas e simples divagações
reflexões tão improváveis, como compreensíveis
de certos sonhos coloridos que outrora se fizeram impossíveis

mas que por si não some, ideias são recicláveis
e recriadas, pelo tempo que mostra como foram insanamente incríveis
sobraram, ficaram, restaram pedaços de laços do que hoje assim me fez.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Coelho

O meu tempo, não tem mais tempo
corre feito coelho, que nem ao espelho
pode olhar, guiado pelo modelo do tipo
mais comum, não enxerga se quer seu olho vermelho

pobre coelho não sabe se pelo cansaço ou pela fumaça
de qualquer jeito segue da toca pro pasto
dando pro gasto, feito que não sente o gosto
doce ou amargo, o ar que respira, o chão que o pé amassa

meramente aos saltos passa, não deixa impressão
não é tomado pela reflexão, acredita na palavra escrita e na televisão
presa, o coelho, em fins de dia aos cacos não tem direito a ilusão

se esta não tiver bom preço, marca e todo tipo de função
que faz com que o coelho, trabalha noite e dia, consumação
dos sonhos adquiridos, todo os dias na programação.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Poeta ou Guerreiro

Não sei se guerreiro com alma de poeta
ou se poeta com alma de guerreiro
em meio ao nevoeiro, o que espreita

são batalhas, conflito ligeiro e sorrateiro
que só um coração suavemente embrutecido, aceita
adentrar nos meandros do verborrágico tiroteio incerteiro 

então, cego quem enxerga é a alma inexata
mas concentrada na imensidão, sim, inteiro
vivendo mente, alma e coração, a conquista

dessabores e deliciosas ilusões, nada certeiro
porém incisiva como fio de espada corta 
palavras são lançadas, ríspidas, como adagas ou lanceiro

direta como a seta de um arqueiro, modesta
humildemente expressa a euforia ou o desespero
parte, golpeia, repulsa, rasga, registra contesta.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Palavras

A dias que não me encontro com as palavras
são elas, ah como são elas que me lavram
em meu peito a semente das ideias
e é através delas que me recria

a todo dia como um rio que corre
e em minha poesia e transcorre
levando o estranhamento e a todo momento
os questionamentos se fundem a sedimentos

farelos de memória, narram, contam
pensamentos e a história que rimam
naturalmente e como sopro dos ventos que passam

e a face do papel marcam de forma simples
despretensiosamente, inconsequente, assim
gravando, registrando, o que da palavra se fez.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Feitiço da Música

Que fascínio, feitiço hipnótico se instaura
quando na vitrola um som reverbera
não importa se Cartola, Chuck Berry ou Bob Marley
aflora de dentro pra fora, um certo transe

é como se a pulsação estivesse na cadência
que sem pedir licença toma a mente e o coração
seja pandeiro , baixo, guitarra ou sete cordas de um violão
somam-se a vozes singulares formam cantos de malícia,

paixão, protestos tão singelos como orações
dão sentido a vida de gente simples
que nasceram sem voz, mas criaram canções

tão simples tão belas quanto os seres que deram-nas a vida
gente as vezes esquecida, mas que são vivas
a cada pedaço de sua música que ainda hoje é cantada.