Total de visualizações de página

sábado, 27 de junho de 2015

Rotina

Um cara chapado
para de lado
te bate no braço
volta um passo

te pede um trago
e mais dez reais
e assim meio gago
fala de problemas sociais

com hálito etílico
e um ar meio cético
dizendo que fuma um químico

que passou a noite em claro
no barraco de papelão
e que o amanhã é repetição.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

São Paulo

Como me sinto apertado, sufocado
olhando de lado, em tuas esquinas
com um medo danado de ser surrupiado
por seus rapazes estralados ou suas meninas

Seu ar que é denso e pesado, cheio de fumaça
com esse monte de gente que só passa
e ainda acha que não se enganou
pensamento que não se mostrou

mas na guia o cheiro da latrina
e a sarjeta a cama do Brasil que não existe
mas que insiste em mostrar sua face latina
desse que resiste a morte não é fraca ou forte

São Paulo, São Paulo, sedutora, ilusora, aprisionante
palco de uma desigualdade lancinante
lar de seres tão próximos e tão distantes
São Paulo, São Paulo dos desgastados horizontes.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Presos ou crucificados?

Querem a cadeia como destino
pros nossos jovens, que desatino!
Por parte destes cretinos, cristãos deputados
que fogem de processo com foro privilegiado,

e cá comigo tenho pensado:
Yoshua, o Galileu, estaria irritado?
deixa de lado essa história de cristo, de grego,
ao lado dos pobres, periga voltar pro prego,

e como cada jovem pobre, seria crucificado
pois jovem nobre, bebaço, corre com seu carro, atropela, mata
não da nada, o capital passa um pano paga acerto e está tudo acordado.

Ao meu ver cadeia cabe melhor ao deputado
que apoiou a ditadura, ou, com a fé dura e cega com a faca bem afiada cravada nas costas dos nossos jovens, pobres, perdidos, com péssima educação e abandonados.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Nossa Caminhada

Nove meses se passaram
e profundamente nos transformaram
entre tempos obscuros e mais claros
por entre sorrisos e choros

fortaleceu nosso amor, nossa união
e na mesma batida o seu e o meu coração
nasce uma bela canção de improviso
um samba quebrado, lascivo

que canta o nosso amor
e hoje a saudade me faz lembrar
como a sua falta me causa dor

resta-me então celebrar
como é bom nesta caminhada te acompanhar
e esperar pra amanhã de novo te abraçar, bem de volta ao nosso lar.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Guerra

Enquanto por aqui
o que reina é a indefinição,
com essa sensação
de estar sempre sob ataque

vindo de todos os lados
e dessa forma nunca se sabe
se tudo se acabará ou se coube
em uma ideia, pensando

e pesado e entre correntes
deixando o que é importante
ou até mesmo o que é coerente

indiferente aos próprios pensamentos
de cada sujeito em seu momento
fazendo dessa roda morta seu alimento.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Vivências

Da ponta dos meus dedos
emaranhado com a caneta
escorrem assim meus pensamentos doidos
vindos da minha consciência torta

e quando se abrem tantas portas
em rotas tortas ou verdes veredas
e tão loucas quanto incertas
quantas lembranças perdidas,

quantas as alegrias doídas
ou as tristezas que afagam
amargam vivências adocicadas

em dias e noites enfumaçadas
houveram certas horas enfileiradas,
ah quantas eras perfumadas.

Verdades

Faltou um pouco de ciência
em meio a toda delinquência
escolar, artística, um pouco de teoria
que discorre sobre a miséria

tanto financeira, quanto espiritual
sendo, as vezes, intelectual
pesando os ombros, colocando todos como igual
procurando objetivo, mas qual?

a minha verdade ou outra qualquer
banal como toda imposição
requer, sem um coração se quer

entre a antena e a conexão
na cabeça nenhuma questão,
apenas como um satélite de pura captação.

Nada sei

Eu não sei de nada
e assim não sabendo
sigo eu correndo
de Punta del este a Bagdá

Na avenida Paulista
ou nas ruas do norte do Paraná
o mistério do planeta
na fumaça ou no copo de cana

no erro, no engano vendo a beleza
e o livro de poesia trancado na gaveta
jogando-o na sarjeta

lendo, praguejando em reza
e as palavras nas ruas com suas pernas
serena, interna te pega com sua presa.

Olho vivo

Sexta-feira eu estou sentado
com a cabeça virada pra baixo
sensato, pirado, no diabo eu to virado
não sou peça de engrenagem eu não me encaixo

no máximo transo de rato
com o cheiro do cavalo
pra passar a noite na cocheira e não incomoda-lo
no esquema morro ou mato

não corro, nem caio nesse conto do vigário
tenho meu salário, mas vivo de sonhar
olho vivo na virada eu não pago de otário

sabendo que viver é necessário
coisa perigosa de se experienciar
pro tolo e pro sábio seja o avesso seja o contrário.

Aparências

Põe a ideia na mente
faz a ação com a mão
e assim meio de repente
e feito racional sensação

viajando em pensamento
de um firmamento cinza
entre gramados e asfaltos
enquanto um blasfema outro reza

alguém se esconde outro sobe na mesa
e um saber que não sabe
de uma leveza que pesa

a pura dureza da suavidade
a guerra que da paz evade
na tranquila paranoia que invade.

Conclamação

Dei um tempo de poesia
deixei de lado, por ai viajei
vi o rio e a cachoeira que sorria
na estrada de terra trabalhava o sol rei

sua boca me provém o beijo
sem você eu não me vejo
seu sorriso é o meu desejo
contigo eu penso e ajo

não é que da poesia eu me desfiz
é que que ando assim tão feliz
como nunca vi ou senti antes

e eu me volto ao ver pra te conclamar
a primeira dama do meu verso
quebrado, nada reto nas cujo verbo é amar.