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domingo, 31 de março de 2013

Em mente

Minha mente não sabe
e não entende, o que venta
levando e trazendo, o que desce e sobe
uns chamam reflexão outros revolta

o que importa são as portas
da percepção que se escancaram
enquanto outras se trancaram
estancam, esgotam, possíveis rotas

tão próprias, tão tortas, palavras se fazem mortas
dizem que elas apenas falam
e o que se fala quase não se nota

somente o que se anota, se põe nas pastas
tem vida, os restos então se calam
fica então este registro antes que se parta.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Escrita

Não faço os redondilhos de Pessoa
ou mesmo sonetos de Camões
apenas clamo a plenos pulmões
por uma escrita que não destoa

em sua rima, como em carta de Vinicius
ou nos ditos infindos de Drummond
sentimentos do cotidiano ruminam e formam
relatos, registros, desejos, suplícios

simplesmente líricas vertidas no papel
doce como açúcar amargo feito fel
pesadas feito vingança, límpidas como o azul do céu

apenas letras tão juntas que de forma astuta
se cria, se projeta, se inventa
o sentido que sua mente aguenta.

terça-feira, 26 de março de 2013

Inquietude

Fluxo intenso, dunas de pensamentos
as mãos úmidas e intranquilas
olhos tentando se entender com as pupilas
boca seca, cerrada, sem relatos

ouvidos incautos a se debater
e o ar cada vez mais rarefeito
perfura as narinas a se dissolver
acelera e para o coração no peito

a ilusão da fantasia se vê desfeita
passos longos e duros, à espreita
então de uma mera e pura disputa

onde o prêmio se confunde com a lida
e os notórios creem, então, terem vencido
esse jogo mesquinho, de mão perdida.

domingo, 24 de março de 2013

Crença

Que tipo de idiota ainda sou
por esperar, migalhas que
seja, ou algo que se explique
não complique o que se pensa ou pensou

tamanha inocência, tal crença
no que de bom, que se nasceu
de uma crise profunda talvez padeça
senão moribundo, morreu

ainda estúpido quero que um sono
mais que profundo esse tecido fino
da humanidade em laços intrínsecos e internos

esteja imerso e que num verso
reverso, inverso, bradados aos infernos
acabe com esse cíclico e tedioso processo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Do tempo.

Seria então uma questão de entender o momento,
saber simplesmente administrar o tempo
simples, oposto e pretensioso intento
de quem ao seu passar se faz farrapo

desgastado, talvez, um tanto sábio
que ao mesmo tempo que esfacelado, reflexivo
nauseado, entorpecidamente sóbrio
um cérebro substancialmente ativo

inquisitivo sobre o tempo e seus desígnios
entre o que ele leva e o que traz
entre pedras e lamaçais, princípios

e finais que as vezes beiraram precipícios
sempre mostrando diferentes portas, mas
cobrando sempre instintos tão próprios.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Sobre o Tempo

Já foi então o tempo
em que eu era dono do tempo
ainda recordo do cheiro, do gosto
de rostos, que vão além dos gestos

discretos, simples afetos de seres
que compuseram, a quem se refere,
é esta a família escolhida
formada pelas andanças e tropeços da vida

saudoso tempo de diálogo intenso
com o mundo, ou com o pouco que conheço
beirando a hermenêutica as vezes o silêncio

traz consigo feito créditos de cinema
nomes, histórias, memória e dilemas
situações, críticas, aditivos, problema.

terça-feira, 5 de março de 2013

Escrever

Isso tudo, se algo fosse
além de palavra que faz-se
do nada, indo pro nada, onde
se esconde, o que não se sabe, arde
parte em partes, postas em potes
de montes de mágoa, mentiras, motes
escárnio, o mais puro sarro, ferino
dos paradoxos, inexplicáveis do destino
sendo assim, inquilino no tempo espaço
respirando a transformação expresso
é o que posso, fujo do poço, com pressa
fingindo que não faço assim dessa
minha preciosa droga injetada
no papel a canetadas, carregada
de ideias que pra uns não valem nada
emfim, inútil, talvez só tenha beleza
talvez, fútil, onde uns veem sutileza,
 para outros é coisa rasa.

domingo, 3 de março de 2013

Vivendo

Por essas primaveras, sobre a terra, paira meu olhar
já vi dias tão lindos, coloridos, sob a luz solar
e que com sua tinta cinza a lua tinge a rua
que já fostes também tão escura, outro lado, tão crua

que nua sua realidade, petrifica me perfura
e em meio a ansiedade andei pela cidade dura
e desci ao centro da terra, guerra, fera e erra
voltei com cicatrizes, queimaduras, escaras de garras

nessa mesma infinitude senti também a plenitude
de um céu tão esplendido e iluminado, do contato
dos pés com o mato, pois então, se confunde, rasga o contrato

saí de lado, eu e o mato não perdemos o nosso laço
assim a relva, gotas de orvalho, pelas ideias, passos
em direções, diversos, imprevisíveis e tortuosos espaços.

Tentando entender

Eu queria entender quais são os seus segredos
eu queria saber do que você tem medo
eu queria poder ser a mão em seu cabelo
e me perder no seu sorriso tão belo

teus olhos tão negros e incrédulos poder adentrar
nuance, discreto, do teu sorriso se mostrar
sorriso feito narcótico, inebria, toma, acelera
e faz pulsar o cardio, tomando por inteiro

feito chama que queima o corpo e a alma
a partir de então perde-se a razão e a calma
um tornado de pensamento e emoção se forma

deforma ideias já prontas que no final das contas
forma essa massa viva de pensamentos, como íntimos
dor e desejo em meio a tantos lampejos vem a despontar.