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domingo, 21 de abril de 2013

Vício

Sempre ouvi falar
desde ainda menino
seus suplícios, aos meus olhos vi saltar
em parte de seu veneno

quando jovem de seu prazer
certamente, o infinito, gozei
senti com todos os sentidos a se apetecer
seus diversos venenos e a realidade transpassei

hoje sei que não sei 
se quer ao menos, o que pensei
sentidos alterados que vão além

estando atrelado a todos e a ninguém 
sois então minha prisão e meu palácio 
de força e fraqueza, do difícil e do fácil.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Foice não Cabral

Cabral não descobriu nada
foi à foice e machado
a terra descoberta, pelada
e um povo rasgado

deu terra em troca de deus
pecados tornaram-se seus
de repente tudo era erro
tratado a fogo e ferro

um silencioso berro 
de profundo mistério
de ódio, medo, desterro

de quem perdeu a voz
a vez e a vida, vazia
dos esquecidos em sua existência.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Improviso

Meu verso é de improviso
bocado daquilo ou disso
eu vivo de inspiração
advinda da ideia e sua transposição

de sua imagem, cheiro ou cor
gosto, seja lá o que for
vem suave como a pena
incisiva  como fio da lamina

pairando a flanar pelo ar
ao papel a se mostrar
como rio que marca seu leito

cabeça, caneta e peito
se alinham feito planetas
formando linhas abstratas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

De encontro

Ouça bem o que eu vou dizer
do teu perfume que não passa
o tempo que segue, o leve prazer
de estar ao teu lado que não cessa

de tudo seu cabelo, seus olhos
mesmo do fato de seres água, eu óleo
porém antagônicos, frente ao espelho
singular, mãos não mais ao léu

um desencontro dos mais encontrados
soava, violão, pandeiro e cavaco
talvez dois olhares cruzados

alheios, que se tornam familiares mosaicos
de dizeres tão singelos, tão profundos
formando-se assim o entender a partir de pequenos cacos.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O leito da vida

De tudo que já atravessou minha retina
das páginas dos livros
os caminhos, á que se destina
ao asfalto, o barro, os carros
parvos, que não param, nem dão a mínima
só veem sinais, aptos e sinos
sem os quais o mundo já não interpreta, mas
vegeta num terreno reto e plano
o dito louco se navega pelo mar
empurrado pelas ondas
tragado pelas marés, brisa vem acalmar
em meio a ideias devoradas
o tempo que não passa se dissolve
ninguém mais se nota
hoje, aqui, agora é que se resolve
e a vida se faz morta
pega as sete, larga as quatro
sem pensar, apenas comprar
uma ideia, o pão, o vinho, rastros
do curso comum
sem curva sem abismo, tedioso
ao qual sigo não seguindo, nenhum
partido, impeto ou idealismo glorioso

quarta-feira, 3 de abril de 2013

HIstoriando

Meu diploma eu consegui
mas aula não tem pra dar
meu pai me avisou, que isso viria já
no estado do Paraná, procurei aqui e ali

mas levei uma rasteira, tipo golpe de capoeira
desse tal governador, feita por ele a besteira
de tratar feito empresa a nossa educação
com uma leitura rasa e conta de multiplicação

a memória abandonada, a História não vale nada
o agora pulsa em nossas veias
como se brotasse do nada
é colheita que não se semeia

é o novo mais velho que existe
é o espetáculo do presente que todos assistem
mesmo aquele que resiste
apanha, levanta, insiste

em olhar o outro lado
talvez obscuro, marginalizado
tiro dado no escuro
ideias que picham e derrubam muros

mas teimoso o cidadão
em não ensinar essa lição
que se renova e é tradição
o que foi, o que é e o que serão

A relação ser humano e tempo
culturas, políticas do momento
ação de pensamento, tipo rebento
que de seus ancestrais tem entendimento.
Venancio, Kajimata.

Mais valia

Levanto cedo pra ir procurar
já tenho muito o que fazer
mas preciso do de comer
vou então minha força penhorar

a troco de uns trocados
pra pagar água, luz e conjugado
confinado feito gado
úmido e apertado

eu e cinzeiro, 
baseados em outros lados
caminhados, tão distintos, tão vividos
pelo vento sendo levado

sou assim água de cano
que em seu rumo tem ditames
nocivos como reclames
com sua norma e seu plano

em princípio de noite enluarada
sou comida, água e sonho,
dou um grito medonho
pra livrar-me dessa farda.

Venancio,  Kajimata.