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domingo, 13 de março de 2016

De Vermelho

Hoje eu acordei e olhei o espelho
pensei se vou à algum lugar vou de vermelho
em meio a tanto ódio e ressentimento
por parte de certa classe cheia de lamento

assim como cheia é sua barriga e seu bolso
e que no apagar das luzes, recibo falso, sonego imposto
e no dialeto da quebrada plaboy fala que "tá osso",
põe a camiseta da cbf, nas cores nacionais pinta o rosto

dispostos a retomar o monopólio dos privilégios
expulsar das concessionárias e aeroportos essa gente pobre
e num só GOLPE acabar com esse sacrilégio

de tantos negros e pobres, que agora são doutores ou médicos
vem então o retorno sob uma esdruxula farsa de um ar cínico
essa ciranda de careta feito uma micareta pró-alienação.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Reunidos Por Acaso

O reunidos por acaso é um projeto
que não tem nada de concreto muito menos abstrato,
talvez, seja sim, um retrato
de alguns seres loucos e seu batuque quebrado

na batida e na cadencia da intuição
e que compensa a falta de teoria com emoção
o cavaco comanda, tantan não desanda
o surdo responde, pandeiro não se esconde e o ganza vem saudar

a energia que se evade e aos poucos invade a alma
de quem canta, toca, ouve e bate palma
e do samba brota alegria e a calma,

e fazendo samba em ritmo de oração
pedimos o axé, as boas energias e a benção
das mentes negras precursoras dessa antiga forma de expressão.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Lembrança da Infância

Patos ou gansos eu não sei,
e pro momento tanto faz
uma velha paisagem da qual não me cansei
folhas de bananeiras e as luzes da cidade logo atrás,

e a nostalgia logo me enebria
e assim de carona numa memória vadia
vejo monte de areia, subo morro, correria
momento de autenticidade, vivacidade e alegria

e como se pudesse olhar de lado
e dessa maneira ver pelos meus quatro olhos
a grama balançando e respingando o orvalho

e com esse gosto, assim sem nada demais
o meu avô, os bichos, o beija flor e a primavera e tudo mais
são lembranças embaladas pela caixa de fitas dos meus pais.

sábado, 26 de setembro de 2015

Famiglia

De uma mãe eu nasci,
logo duas outras conheci
e assim analisando os anais,
eu tive também foram três pais

todas essas figuras me legaram aprendizado
e um amor, as vezes, sem laço sanguíneo, mas muito afortunado
de sangue não tive irmãos
mas na verdade, já nasci com uma porção

mas adiante, e isto é fato, criei uma outra
essa fora do padrão, que não cabe no esquadro
uma família louca, cada qual com seu universo estrelado

Se a definição é família não há certo ou errado
e dessa forma orbitamos o mesmo universo
não importa o sangue, mesmo longe, se está do lado.

sábado, 12 de setembro de 2015

Vinte e Nove

Por entre primaveras e eras astrais
há alguns anos atrás
decidi, não mas andar pra trás
sofri, chorei, mais também sorri demais

limpei minha cabeça, entre outras coisas
novos pensamentos e novas forças
dilemas, ideias e perguntas
com as vivências dialogam juntas,

a brisa do samba me trouxe o amor
companheira maravilhosa e seu fervor
juntos damos a vida nossa cor

e é por ai que se desenvolve
observando que hoje não chove
sem mais de repentes chegaram meus vinte e nove.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Manifestação Poética

Uma ideia velha
sem saber se quer qual era
pintada de amarela e ira
na paranoia vermelha

xinga, ofende e agride
clama pela morte
ódio ao diferente
que bate, tortura e invade

na periferia não é novidade
violência sem medida e abuso
no calor da ferocidade

que se faz presente
nas agressões intolerantes
e pedidos pela volta da ditadura por transeuntes.

Agora cabe-me aqui falar
o quão violenta e mortífera
quantas famílias ainda hoje à agonizar
pelos seus mortos de forma sorrateira

e que ainda permanecem desaparecidos
quantos "Herzogs" cometeram "suicídio"
sem prisão, corpo ou indício
apenas rumores, sussurros  e ruídos

no regime dos óculos escuros
da repressão, dos atos institucionais
dos interrogatórios que não entraram pros anais

de um lado o vermelho  do sangue
de outro estão envoltos nas cores da bandeira nacional,
mas o principal é que a memória segue

viva cambaleante, mas que ainda luta
e que continua no front
para que aquela Dita tão dura não se mostre mais no horizonte.

sábado, 27 de junho de 2015

Rotina

Um cara chapado
para de lado
te bate no braço
volta um passo

te pede um trago
e mais dez reais
e assim meio gago
fala de problemas sociais

com hálito etílico
e um ar meio cético
dizendo que fuma um químico

que passou a noite em claro
no barraco de papelão
e que o amanhã é repetição.